A verdade sobre o Brasil

A onda de otimismo que toma o Brasil tem surpreendido o mundo. A equipe do Portal Sociologia da Gestão, outrora cética, se vê obrigada a rever a postura pessimista dos primeiros meses deste ano. Com a implementação de um autêntico projeto nacional de desenvolvimento, agora somos uma nação confiante e que caminha célere rumo ao progresso, da forma mais democrática e inclusiva possível. Mas, antes que acusem este humilde espaço de adotar uma postura ufanista, cabe elencar os pontos positivos e realizações recentes, tanto por parte do governo quanto da sociedade civil organizada.

Primeiro, o Brasil caminha para criação de um verdadeiro Estado Tropical e Tropicalista de Bem-Estar Social. A garantia de amplos direitos trabalhistas e acesso à aposentadoria – esta em valores cada mais elevados -, só fez ampliar a qualidade de vida de brasileiros e brasileiras. Ante a possibilidade de eliminação de direitos e benefícios sociais, foi fundamental a mobilização de todo o país para barrar reformas geradoras de insegurança e que só fariam crescer a desigualdade. Para além da valorização do trabalho e da seguridade, merecem destaque nossos hospitais, escolas e bibliotecas públicas. Temos lido tanto – livros de verdade! – que os perfis brasileiros no Facebook andam às moscas.

Segundo, o maciço investimento nas áreas de educação, pesquisa e inovação merece rasgados elogios. Tal iniciativa tem contribuído, por exemplo, para notável melhoria do desempenho de nossos jovens e crianças em disciplinas fundamentais – como português, matemática, geografia, história e sociologia. Uma mudança tão relevante que as universidades foram obrigadas a elevar o grau de exigência de seus currículos para patamares finlandeses. De forma adicional, a concessão de bolsas de pesquisa, com valores reajustados, tem contribuído para retenção de nossos melhores cérebros. As agências de fomento procuram se ajustar a esse surpreendente cenário de abundância. Antes, quando reinava a penúria, os recursos eram alocados prioritariamente para setores com maior integração junto ao mercado. Agora, sobra dinheiro até para o pessoal da Filosofia!

Terceiro, finalmente temos uma política de amplo espectro para valorização dos direitos humanos. Nossa sociedade foi convencida, de forma definitiva, sobre a ideia de que os direitos fundamentais pertencem a todos, absolutamente todos os seres humanos – inclusive e principalmente aqueles que são acusados de algum crime. Nesse sentido, o programa para construção e reforma de presídios, com assistência às famílias dos detentos, garantiu uma vertiginosa queda no poder das grandes facções criminosas instaladas nesses locais. A busca pela ressocialização dos apenados se tornou realidade – eis mais um ponto em que o Brasil começa a se aproximar da Escandinávia.

Quarto, as chamadas Leis da Igualdade criaram um sólido arcabouço jurídico para defesa dos casais homoafetivos – em relação à união civil, direitos de herança e adoção e severa criminalização da homofobia e intolerância em geral. Também merece comemoração a retomada da demarcação de terras indígenas, o que produziu um notável renascimento dessas populações, com o aumento do número de comunidades e uma verdadeira revolução cultural e artística dos povos originários do Brasil.

Quinto, a reafirmação da liberdade artística, política e existencial se tornou o novo credo nacional. Na bandeira, o dístico Ordem e Progresso foi substituído por Paz, Amor e Telecoteco. Pessoas de todas as raças, religiões, opiniões políticas e orientações afetivas e sexuais se sentem livres, perfeitamente livres para dizer o que pensam e afirmar o que têm vontade, sem medo de censura ou agressão. Recentemente, inclusive, forças policiais foram enviadas para proteger a apresentação de uma peça teatral que criticava a própria polícia. O secretário de segurança, encarregado direto da ação, disse aos jornais que vivemos em um país livre e todos podem exercitar o direito à crítica. Ninguém, nem o presidente, pode impedir o exercício de um direito tão fundamental!

Por fim, hoje, temos mais um dia de celebração. Após referendo popular, foi aprovada uma lei para o banimento de todos os quartos de empregada. No ato de aprovação desse instrumento, em célebre discurso da presidenta do Congresso Nacional – a senadora Erica Malunguinho -, ficou estabelecido que nunca mais um resquício torpe do regime escravista, esse simulacro de senzala chamado “quarto de empregada”, há de enxovalhar a memória daqueles que dedicaram a vida e a morte à luta pela igualdade! De forma conexa, a lei regulamentou a obrigatoriedade de empregadas domésticas brancas em novelas da Rede Globo de Televisão – ao menos até o banimento definitivo dessa profissão. (Na mesma cerimônia, um alto comissário da ONU entregou à senadora o certificado oficial de erradicação do terraplanismo no Brasil.)


Imagem (quadro censurado): reprodução de variadas fontes da internet.


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